Na história do CELAM, destacam-se as "Conferências Gerais", eventos que reúnem bispos representantes de todas as conferências episcopais que o integram para buscar, em espírito de comunhão, diretrizes comuns para uma evangelização mais eficaz no continente latino-americano e caribenho.
A Igreja da América Latina criou uma tradição própria, com a realização dessas "Conferências Gerais", que marcaram fortemente sua caminhada. Elas fortalecem a comunhão eclesial e ajudam a Igreja a se aproximar da realidade dos nossos povos.
A “Conferências Gerais" são propostas pela Igreja da América Latina, mas sua convocação é sempre feita pelo papa, que as oficializa e as acompanha de perto e também define o tema central.
A primeira Conferência foi no Rio de Janeiro, de 25 de julho a 4 de agosto de 1955. Teve como tema “Vocações e instrução religiosa”. Essa conferência também se reveste de grande importância por ter marcado o início do CELAM.
A reunião eclesial fora convocada por iniciativa direta da Santa Sé. O organismo responsável por auxiliar o Vaticano na preparação do evento foi a CNBB, que havia sido criada em 1952. Teve como objetivo central de seu trabalho “o problema fundamental que aflige nossas nações, a saber: a escassez de sacerdotes”. Os bispos clamam a que todo o povo fiel tome consciência sobre a gravidade do problema e pedem que se empreguem as armas da oração e do apostolado para enfrentá-lo.
Outra preocupação assinalada pelos bispos foi a da instrução religiosa. Em conseqüência da escassez de sacerdotes, os conferencistas afirmam que falta aos povos latino-americanos a devida instrução, o que faz com que o tesouro da fé católica se veja ameaçado por numerosos inimigos, que tentam arrebatar a melhor herança da América Latina. Os bispos apontaram também na Conferência do Rio de Janeiro “a deplorável condição de vida material” em que vive a grande maioria dos povos latino-americanos, condição que “põe em perigo o bem-estar geral das nações e seu progresso, e repercute forçosa e inevitavelmente na vida espiritual dessa numerosa população.” Os conferencistas destacaram ainda atenção aos temas do intenso processo de industrialização, da colaboração dos leigos, da população indígena, das missões, da imigração e do apostolado do mar.
A segunda conferência aconteceu em Medelin, na Colômbia, em 1968, com tema "A Igreja na atual transformação da América Latina, à luz do Concílio Vaticano II". A importância especial de Medellín deriva do fato de ter se constituído numa espécie de "concílio" da América Latina, logo depois que toda a Igreja tinha realizado Concílio Vaticano II. Foi a aplicação das decisões e das orientações pastorais do Concílio na América Latina.
A partir da Conferência de Medellín, a Igreja da América Latina tomou consciência de sua comunhão e de sua identidade e despertou para a caminhada pastoral de conjunto.
A Conferência de Medellín iniciou-se em 26 de agosto de 1968, com a abertura solene pelo Papa Paulo VI, na primeira viagem de um papa à América Latina. Os trabalhos se encerraram em 6 de setembro. O documento final apontou as opções: pelos pobres, pela libertação, pelas Comunidades "cristãs" de Base (mais tarde passaram a ser chamadas comunidades "eclesiais" de base – as conhecidas CEBs), pela justiça social e pelo profetismo.
A cidade mexicana de Puebla de Los Angeles foi sede da terceira conferência do CELAM. Inicialmente foi convocada pelo Papa Paulo VI, que propusera sua realização de 12 a 18 de outubro de 1978, mas o seu falecimento e o breve pontificado do Papa João Paulo I fizeram com que a conferência fosse adiada para o início do ano seguinte.
Aberta solenemente pelo Papa João Paulo II, iniciou-se no dia 27 de janeiro de 1979, concluindo-se os trabalhos em 13 de fevereiro. Teve como tema “Evangelização no presente e no futuro da América Latina”. A Conferência de Puebla aconteceu bem no início do pontificado de João Paulo II; foi a primeira viagem que ele fez como papa.
As decisões dessa conferência levaram à opção preferencial pelos pobres e à opção pelos jovens. Propunham também que as ações da Igreja fossem marcadas pela “Comunhão e participação” e pela defesa da dignidade da pessoa humana.
Na celebração dos 500 anos de evangelização da América, a 4ª Conferência Geral do CELAM foi realizada em Santo Domingo, com o tema "Nova evangelização, promoção humana e cultura cristã”. Teve três objetivos: celebrar Jesus Cristo, ou seja, a fé e a mensagem do Senhor crucificado e ressuscitado; prosseguir e aprofundar as orientações de Medellín e Puebla; definir uma nova estratégia de evangelização para os próximos anos, respondendo aos desafios do tempo.
Também essa conferência foi aberta pelo Papa João Paulo II, no dia 12 de outubro de 1992, quando se comemoravam 500 anos do descobrimento da América e, também, de evangelização. Os trabalhos se encerraram em 28 de outubro, definindo-se as opções pela inculturação, pelo protagonismo dos leigos e leigas, pela solidariedade e pela leitura da realidade a partir dos desafios contemporâneos
A 5a Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe foi realizada no Brasil, na cidade de Aparecida, em maio de 2007, com o tema "Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que nele todos os povos tenham vida - Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Ela foi convocada pelo Papa João Paulo II e confirmada pelo Papa Bento XVI, que definiu o local do evento, bem como o tema.
Os trabalhos iniciaram-se em 13 de maio, com a abertura solene do Papa Bento XVI, que convocou a conferência e determinou que fosse realizada no Santuário de Aparecida em nosso país. Dela participaram 160 bispos e 100 convidados entre sacerdotes, religiosos, leigos e representantes de outras religiões.
Pelo fato de ser realizada em Aparecida, cidade do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, fica evidente a importância da devoção a Maria como um dos componentes característicos da identidade católica da América Latina, evidenciando a urgência pastoral de cultivar esta identidade através de um novo esforço de evangelização, traduzido num vasto programa de missão, que a Conferência espera suscitar. A própria formulação do tema: "discípulos e missionários", já sugere este programa de evangelização e de missão.
Os trabalhos se encerraram em 31 de maio, com “numerosas e oportunas indicações pastorais, motivadas por ricas reflexões à luz da fé e do atual contexto social” – afirma o Papa Bento XVI em sua carta aprovando o documento final com as conclusões da conferência. O papa ressalta que o documento “exorta a dar prioridade à Eucaristia e à santificação do dia do Senhor nos programas pastorais”,assim como expressa “o desejo de reforçar a formação cristã dos fiéis, em geral, e dos agentes de pastoral, em particular.” O papa ainda salienta que foi motivo de alegria conhecer o desejo de se realizar uma Missão Continental.
As ricas conclusões da Conferência de Aparecida estão contidas no “Documento de Aparecida”, texto oficial aprovado pelo Papa Bento XVI em carta ao episcopado da América Latina e do Caribe, no dia 29 de junho de 2007, solenidade de São Pedro e São Paulo.
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