Realizou-se, de 1962 a 1965, o Concílio Ecumênico Vaticano II, reunindo bispos de toda a Igreja, assessores, teólogos e também observadores não-católicos. Foi o grande acontecimento eclesial do século XX, o novo pentecostes renovador da Igreja.
Este 21º concílio da história da Igreja foi convocado pelo Papa João XXIII em 25 de dezembro de 1961. Ele queria que se respondesse a estas questões fundamentais: o que é Igreja; qual a sua missão no mundo; qual a importância da Bíblia para a Igreja, e como deveria ser o culto a Deus, a vida de oração, isto é, a Liturgia.
João XXIII presidiu a primeira sessão do concílio, que se iniciu no dia 11 de outubro de 1962. Falecido em 3 de junho de 1963, seu sucessor, Paulo VI, deu continuidade aos trabalhos, que foram encerrados em 8 de dezembro de 1965.
A Diocese de Piracicaba esteve representada nesse Concílio pelo nosso segundo bispo diocesano, Dom Aníger Francisco de Maria Melillo. Também participou Dom Ernesto de Paula, que foi o primeiro bispo diocesano.
Dom Aniger, segundo bispo diocesano, participou do Concílio
(na terceira fila, ele é o segundo, a partir da esquerda)
Papa João XXIII convocou o concílio e presidiu à primeira sessão
O Concílio produziu grandes e ricos documentos. Quatro deles são mais importantes, constituindo-se como grandes eixos sobre os quais a Igreja se firmou:
“Lumen gentium” - Constituição Dogmática sobre a Igreja;
“Dei Verbum” - Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina;
“Sacrosanctum concilium” - Constituição sobre a Sagrada Liturgia;
“Gaudium et spes” - Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo de hoje.
Além dessas constituições, outros nove decretos e três declarações se originaram dos estudos conciliares:
DECRETOS – “Christus Dominus” (sobre o múnus pastoral dos bispos na Igreja); “Presbyterorum ordinis” (sobre o ministério e a vida dos presbíteros); “Perfectae caritatis” (sobre a atualização dos religiosos); “Optatam totius” (sobre a formação dos sacerdotes); “Apostolicam actuositatem” (sobre o apostolado dos leigos); “Ad gentes” (sobre a ação missionária da Igreja); “Inter mirifica” (sobre os meios de comunicação social); “Unitatis redintegratio” (sobre o Ecumenismo); “Orientalium Ecclesiarum” (sobre as Igrejas Orientais Católicas).
DECLARAÇÕES – “Gravissimum educationis” (sobre a educação cristã); “Dignitatis humanae” (sobre a liberdade religiosa); “Nostra aetate” (sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs).
O 21º Concílio Ecumênico, chamado Vaticano II, terminou no dia 8 de dezembro de 1965. Durante três anos, um mês e vinte e nove dias (de 11 de outubro de 1962 até 8 de dezembro de 1965) viveu a Igreja Católica em estado de Concílio. Neste tempo, cerca de 2.200 bispos do mundo inteiro (incluídos os Superiores Maiores das Ordens e Congregações) encontraram-se quatro vezes em Roma, vivendo, rezando e trabalhando juntos durante 281 dias: 59 na primeira sessão (de 11 de outubro até 8 de dezembro de 1962); 67 na segunda sessão (de 29 de setembro até 4 de dezembro de 1963); 69 na terceira sessão (de 14 de setembro até 21 de novembro de 1964); e 86 na quarta sessão (de 14 de setembro até 8 de dezembro de 1965). Trabalharam em 168 Congregações Gerais (36 na primeira, 43 na segunda, 48 na terceira e 41 na quarta sessão). E assistiram a 10 sessões solenes.
Nestes dias pronunciaram 2.217 discursos (600 na primeira, 618 na segunda, 666 na terceira e 333 na quarta sessão) e entregaram 4.361 intervenções escritas não pronunciadas. Ouviram 147 relatórios e fizeram 544 votações, nas quais foram utilizadas 1.360.000 fichas para sufrágios individuais. Morreram neste período 253 bispos (6 do Brasil).
O Concílio, com seus teólogos e peritos, preparou, discutiu, emendou, votou e promulgou 16 documentos: duas Constituições dogmáticas, uma Constituição pastoral, uma Constituição litúrgica, nove Decretos e três Declarações.
E assim no dia 8 de dezembro de 1965 estava tudo preparado para encerrar formal e solenemente o 21º Concílio Ecumênico. A cerimônia foi realizada na Praça de São Pedro, em frente da Basílica Vaticana. Durante a Santa Missa, celebrada pelo papa, Paulo VI pronunciou sua comovente homilia de despedida. Depois anunciou as mensagens do Concílio aos governantes, aos intelectuais (com o abraço a Jacques Maritain e o aplauso dos bispos), aos trabalhadores, aos artistas, às mulheres, aos jovens, aos sofredores. Mons. Felici, Secretário Geral do Concílio, leu o Breve de Encerramento. Então todos juntos cantaram as aclamações finais e as orações por todos quantos trabalharam no Concílio. Tudo terminou com a Bênção Apostólica, à qual Sua Santidade aditou as seguintes palavras: “Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo: Ide em paz!” Ao que a assembléia respondeu: “Demos graças a Deus!”. O relógio marcava 13h25.
À noite deste mesmo dia já estavam os bispos do Brasil no avião, para retornar, cada um à sua diocese. E tentar viver no espírito do Concílio Vaticano II. (Dom Frei Boaventura Kloppenburg, O.F.M)