A Diocese de Piracicaba tem como padroeiro Santo Antônio de Pádua, sacerdote e Doutor da Igreja, o Doutor Evangélico. Padroeiro da cidade de Piracicaba desde alguns anos após sua fundação, com a criação da diocese, em 1944, Santo Antônio foi sendo considerado também seu padroeiro, já que a Catedral e a sede do bispado estavam sob seu protetorado. E a partir de 1988, o santo popular tornou-se padroeiro também da diocese. Atendendo pedido de Dom Eduardo Koaik e do presbitério diocesano, o Papa João Paulo II, em 2 de janeiro de 1988, através do Breve Apostólico “Notum est”, declarou Santo Antônio PATRONO JUNTO DE DEUS DA DIOCESE DE PIRACICABA.
Morgado de Mateus, o português Luiz Antônio de Souza Botelho Mourão, governador da Capitania de São Paulo, quando, por razões de defesa territorial mandou fundar o povoado que originou Piracicaba, quis que o mesmo tivesse como padroeira Nossa Senhora dos Prazeres, considerada sua madrinha. Anos depois, o povoador, Antônio Corrêa Barbosa, colocou Santo Antônio, o santo de sua devoção, como patrono do povoado. Diante dos reclamos populares, inventou uma lenda, dizendo que Nossa Senhora dos Prazeres foi levada por anjos Rio Piracicaba abaixo.
Quando, em 21 de junho de 1774, foi instalada a paróquia, naquele tempo chamada freguesia, e empossado o primeiro vigário, Padre João Manuel da Silva, Santo Antônio foi escolhido por orago.
Em 1999, de abril a novembro, duas relíquias de Santo Antônio estiveram em peregrinação por muitas cidades brasileiras. De 5 a 8 de maio, as relíquias estiveram na Diocese de Piracicaba. Uma permaneceu em Piracicaba, e outra foi levada em peregrinação pelas regiões pastorais, visitando Rio Claro, Santa Bárbara e Capivari. As relíquias eram uma cartilagem da garganta e uma costela do grande pregador e doutor da Igreja.
A vinda das relíquias antonianas foi marcada por celebrações, confissões, pregações a partir dos sermões de Santo Antônio, procissões e outras atividades, atraindo milhares de devotos. Foi um grande acontecimento para a história da diocese, homenageando seu padroeiro, o grande santo que marcou sua vida pelo amor à Palavra de Deus e aos pobres.
Fernando (seu nome de batismo) é filho do casal Teresa Taveira e Martinho de Bulhões, nobres portugueses, e nasce em 1195, nas proximidades da Catedral de Lisboa, onde freqüenta a escola dos Cônegos Agostinianos. Ingressa no Mosteiro dos Agostinianos, em São Vicente de Fora, em Lisboa, mas depois é transferido para o Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, onde termina os estudos eclesiásticos e é ordenado padre.
Em 1219, cinco missionários franciscanos, destinados ao Marrocos, hospedam-se no Mosteiro de Coimbra, do qual Padre Fernando é porteiro. Em janeiro de 1220, as urnas com os restos mortais desses cinco missionários, martirizados, passam por Coimbra, sendo expostas no Mosteiro de Santa Cruz, sensibilizando Fernando para trabalhar nas missões.
Ingressa na Ordem Franciscana, quando muda o nome para Antônio. No final de 1220, após três meses de vivência no Convento de Santo Antão dos Olivais, em Coimbra, é enviado com um companheiro, em um barco mercante, para o Marrocos a fim de pregar o Evangelho entre os maometanos. Lá contrai malária, adoecendo gravemente e decidindo voltar para Portugal. Na viagem, uma tempestade lança o barco às costas da Sicília, na Itália, de onde se dirige para Assis e conhece São Francisco.
Na cidade de Forli, durante uma cerimônia de ordenação sacerdotal, diante da recusa de outros padres para discursarem, o superior ordena que Frei Antônio faça a pregação, na qual são revelados sua grande eloqüência e seu grande conhecimento da Bíblia. A partir desse fato, começam suas pregações pela Itália.
São Francisco o nomeia primeiro professor de Teologia dos frades franciscanos, em 1223. É interessante ler o bilhete enviado na ocasião a Santo Antônio por São Francisco: “A Frei Antônio, meu bispo. Frei Francisco deseja saúde. Apraz-me que leias aos frades a sagrada teologia, contanto que neste estudo não extingas o espírito da santa oração e devoção, como na Regra se prescreve”.
No final de 1224, prega no sul da França. Torna-se superior dos franciscanos na França e depois provincial das comunidades franciscanas do norte da Itália. Também prega, em 1228, para o papa Gregório IX e para os cardeais que vivem em Roma, quando o papa afirma sobre ele: “Pela sua ciência escriturística, Antônio é realmente, entre nós, a Arca da Aliança”.
Santo Antônio morre, com apenas 36 anos, na sexta-feira 13 de junho de 1231. Pouco antes, bastante doente, ele pede para ser levado para o Convento de Pádua, onde residia. É transportado em um carro de boi, mas, como sua saúde piora, eles param perto do Mosteiro das Clarissas de Arcella, na vizinhança de Pádua, onde vem a falecer, sendo suas últimas palavras: “Vejo o meu Senhor e meu Deus que vem ao meu encontro”.
O enterro de Santo Antônio é uma apoteose, acorrendo pessoas de todos os lugares de Pádua e redondeza, obrigando os frades a dar-lhe sepultura provisória. Somente quatro dias após a morte, é sepultado na Igreja de Santa Maria, em Pádua.
Como sua fama de santidade era conhecida por todos, assim como os milagres acontecidos por sua intercessão, o Papa Gregório IX, na Catedral de Espoleto, no dia 30 de maio de 1232, poucos dias antes de completar o primeiro aniversário da morte de Frei Antônio, canoniza-o e marca sua festa para o dia 13 de junho.
O povo de Pádua lhe constrói uma basílica, onde seus restos mortais são colocados em 7 de abril de 1263, ocasião em que constatam que sua língua está intacta.
O Papa Pio XII, em 16 de janeiro de 1946, declara-o Doutor da Igreja, dando-lhe o título de “Doutor Evangélico”.