Reflexão litúrgico-pastoral para o 25º Domingo do Tempo Comum

A lógica divina – 20 de setembro de 2020

A lógica de Deus é diferente da dos homens; às vezes, até oposta e inconciliável com ela. Jesus, por exemplo, faz mais festa pela ovelha perdida e reencontrada do que pelas noventa e nove que estão na segurança do aprisco. E a Liturgia da Palavra deste 25º Domingo do Tempo Comum nos revela mais uma vez essa lógica divina.

Na primeira leitura (Is 55,6-9), o profeta Isaías consola os israelitas exilados na Babilônia, que reconheciam terem sido infiéis a Deus e por isso julgavam que nada podiam esperar, que Deus jamais lhes perdoaria. A eles – e a todos que pensam como eles – o profeta adverte e consola: “Convertei-vos, mudai vossa forma de pensar, pois os pensamentos de Deus são diferentes dos vossos.”

Na segunda leitura (Fl 1,20-27a), São Paulo, em sua Carta aos Filipenses, afirma: “Para mim o viver é Cristo e o morrer, um lucro”. Essa famosa frase-lema está escrita sobre o túmulo do apóstolo em Roma; ela resume bem os sentimentos do apóstolo. Ele não trabalhou para receber um prêmio; seu prêmio foi a alegria de ter encontrado Cristo.

No evangelho (Mt 20,1-16a), Jesus conta a história dos trabalhadores da vinha para denunciar, de uma forma extremamente dura, a religião dos méritos ensinada pelos guias espirituais de Israel, e também por alguns pregadores dos nossos dias! Os fariseus se sentiam em segurança porque trabalhavam muito, observavam escrupulosamente todas as prescrições da lei e tinham certeza de que qualquer ação de fidelidade era computada como “mérito” e estaria registrada nos livros do céu. Jesus vem mostrar que Deus vê diferente, que a verdadeira religião deve ser marcada pelo amor desinteressado a Deus e aos irmãos.

Na parábola, todos os trabalhadores tiveram a mesma recompensa, tanto os que aguentaram o peso do dia, como os que foram contratados na última hora. Com isso Jesus mostra aos judeus – aos que primeiro foi revelado o reino de Deus – que os pagãos receberão a mesma recompensa. E a nós que nos julgamos “bons”, Deus promete o mesmo prêmio oferecido aos pecadores que se convertem só mais tarde, pois todos merecem a bondade e a misericórdia divinas. Afinal, os pensamentos de Deus são diferentes dos nossos.