“Eu te constituí como luz das nações para levares a salvação até os confins da terra” (At 13,47)
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Nos passos do Papa Francisco

Publicado em 7 de março de 2016 - 15:07:09

Surpreso, recebi, em janeiro último, convite para participar, em nome da CNBB, da viagem que o Papa Francisco faria ao México no mês seguinte. A resposta - positiva - foi imediata. Afinal, senti que seria uma graça especial poder acompanhar os passos que o Papa daria em diversas cidades do país mexicano. Logo percebi que a própria escolha dessas cidades tinha um simbolismo especial, pois cada uma delas é marcada por uma peculiaridade: sede do santuário de Nossa Senhora de Guadalupe (Ciudad de México), grande densidade populacional (Ecatepec), presença indígena (San Cristóbal de las Casas e Tuxtla Gutiérrez), violência (Morelia), presos e imigrantes (Ciudad Juárez).

O México vive um momento delicado, envolvido que está por um intenso tráfico de drogas, violência, pobreza, injustiças estruturais, marginalização de grupos indígenas e, particularmente, por ser um país que faz limite com os Estados Unidos - para onde grandes multidões de latino-americanos desejam ir, passando, naturalmente, por aquele país. Com suas palavras e seus gestos, o Papa Francisco, como estampou um dos diários daquele país, "tocou em nossas chagas, para nos ajudar a curá-las".

Se tivesse que resumir em uma palavra a experiência de acompanhar o Papa por quase uma semana, escolheria aquela que é a síntese de seu pontificado: misericórdia. "O nome de Deus é misericórdia", nos lembrou ele em uma entrevista dada a um jornalista italiano e publicada recentemente em livro (já há edição em português). Nosso tempo, disse ele no México, "é uma boa ocasião para recuperarmos a alegria e a esperança que nos vêm do fato de nos sentirmos filhos amados do Pai. Este Pai que nos espera para nos livrar das vestes do cansaço, da apatia, da desconfiança e nos revestir com a dignidade que só um verdadeiro pai e uma verdadeira mãe sabem dar aos seus filhos: as vestes que nascem da ternura e do amor. Nosso Pai é pai de uma grande família: é Pai nosso. Sabe ter amor, mas não gera e cria ’filhos únicos’. É um Deus que entende de família, de fraternidade, de pão partido e partilhado. É o Deus do ’Pai Nosso!’" (Homilia em Ecatepec).

Um dos momentos mais emocionantes dessa viagem papal foi o seu encontro com os encarcerados, em um centro penitenciário perto da fronteira com os Estados Unidos. A jovem que o saudou foi felicíssima em suas colocações: ela destacou que a presença do Papa ali, naquele lugar, "é um chamado à obra de misericórdia para com os internos de uma prisão e suas famílias. É também um chamado para aqueles que se esqueceram de que aqui há seres humanos, pois ainda que sejam transgressores da lei humana e pecadores, a maioria tem esperança de redenção e em alguns casos a vontade de consegui-la. E é justamente nestes lugares que se põe à prova a própria fé e a fortaleza de espírito". Em resposta, o Papa Francisco lhe respondeu que "a misericórdia divina nos lembra que as prisões são um sintoma de como estamos na sociedade; em muitos casos, são um sintoma de silêncios e de omissões provocadas pela cultura do descarte. São sintoma de uma cultura que deixou de apostar na vida, de uma sociedade que, pouco a pouco, foi abandonando os seus filhos".

Pouco antes de se despedir do México, o Papa Francisco fez questão de cumprimentar os bispos que o haviam acompanhado ao longo de sua visita. Quando chegou a minha vez, fiz questão de lhe testemunhar que, ao longo daqueles dias, havia participado de um verdadeiro retiro espiritual, feito não só de meditações e orações, mas também de gestos simples e carinhosos. Ele me olhou demoradamente e sorriu, como a me dizer: Mas não é nossa missão ser bons Samaritanos?... 

 

Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil

 

 

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