O ano de 2020, embora marcado por impactos profundos que transformaram radicalmente nossas rotinas e vida, devido à pandemia da Covid-19, é um ano eleitoral, ou seja, somos chamados a realizar a escolha de prefeitos e vereadores para os 5570 municípios de nosso país. Em nossa diocese, acompanharemos o pleito eleitoral em 15 municípios que abrangem um contingente de aproximadamente 1 milhão de habitantes.
De acordo com a Emenda Constitucional 107/2020, as eleições municipais deste ano foram adiadas para os dias 15 e 29 de novembro, respectivamente primeiro e segundo turnos, caso não ocorra nenhuma alteração significativa ou desdobramento da pandemia.
Uma eleição sempre impacta diretamente a vida de todos os cidadãos e, hoje, na democracia em que vivemos, a política tem um papel decisivo nas questões sociais e econômicas, principalmente em favor dos menos favorecidos e marginalizados.
A missão da Igreja é Evangelizar e, como o Evangelho traz implicações sociais, é papel também da Igreja orientar seus fiéis para que façam escolhas responsáveis, éticas e de candidatos que vivam a paixão em servir os mais necessitados, sendo solidários com seus sofrimentos e esperanças, que pensem muito mais no bem comum que nos interesses pessoais, através do diálogo, da justiça e da misericórdia, como nos lembra o Papa Francisco em sua carta aos políticos latino-americanos, em 2017.
Pensando nisso, a Equipe Diocesana de Fé e Política da Diocese de Piracicaba irá trazer, nesta e nas próximas edições do jornal “Em Foco”, algumas reflexões importantes no sentido da orientação política, com base no material do Regional Sul 2 da CNBB. Este material traz como título “Os cristãos e as eleições” e como tema: “A boa política está a serviço da vida e da paz”, sempre sem nenhuma ideologia ou apoio a qualquer partido político, mas para que possa ser luz na escolha de bons candidatos que nos representem no legislativo e executivo municipais.
O desafio da boa política se caracteriza pela construção da cidadania como resposta às necessidades da coletividade humana, “se alguém quiser ser o primeiro – diz Jesus – há de ser o último de todos e o servo de todos” (Mc 9,35). O desafio é tornar real o dever do homem em reconhecer a realidade concreta e o valor da liberdade de escolha que lhes é proporcionada, para procurarem realizar juntos o bem da cidade, da nação e da humanidade (cf. São Paulo IV – Carta Apostólica Octogesima Adveniens, 46).
Para esta edição de nosso jornal, a reflexão fica a cargo das preciosas dicas do Cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen Van Thuan, falecido em 2002, sobre o perfil do político ideal, com base nas bem-aventuranças de Jesus: Bem-aventurado o político que tem uma alta noção e uma profunda consciência do seu papel; Bem-aventurado o político de cuja pessoa irradia a credibilidade; Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum e não para os próprios interesses; Bem-aventurado o político que permanece fielmente coerente; Bem-aventurado o político que realiza a unidade; Bem-aventurado o político que está comprometido na realização de uma mudança radical; Bem-aventurado o político que sabe escutar; Bem-aventurado o político que não tem medo.
Rogério Teixeira da Cruz
Coordenador Diocesano da Equipe de Fé e Política
Diocese de Piracicaba
rogerioteixeiracruz@gmail.com