“Eu te constituí como luz das nações para levares a salvação até os confins da terra” (At 13,47)
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“Ser Igreja que cuida da Casa Comum”

Publicado em 12 de julho de 2020 - 13:43:01

O documento das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023 (CNBB, doc. 109), publicado pelo episcopado brasileiro durante a 57ª Assembleia Geral da CNBB, em 06 de maio de 2019, completou seu primeiro ano. Logo no seu “Objetivo Geral”, observa-se a preocupação da Igreja em cuidar da Casa Comum.

Casa Comum já é uma expressão antiga entre os ambientalistas e os ecologistas, mas tão recente na Doutrina Social da Igreja (DSI) e no magistério eclesial, especialmente a partir do lançamento da «Carta Encíclica “LAUDATO SI’” (LS) sobre o cuidado da Casa Comum», há exatamente 5 anos. Trata-se de uma carta encíclica dirigida pelo Papa Francisco à humanidade inteira e não somente aos cristãos católicos, na qual ele manifesta a relação entre fé e cuidado da obra da criação.

A “Laudato Si’” (Louvado sejas) é considerada a sinfonia de amor do planeta e o cuidado que devemos ter com a nossa Casa Comum. É um documento pontifício que, seguindo a metodologia Ver-Julgar-Agir, herdada dos tempos da Ação Católica e da JOC, foi escrito em 246 parágrafos, divididos entre seis capítulos, nos quais o Papa Francisco descreve o que está acontecendo com a nossa Casa Comum (I cap.), trata do “evangelho da criação” à luz dos textos bíblicos (II cap.), das grandes causas das origens dos problemas do planeta (III cap.), propondo-nos uma forma quase holística para olharmos para a ecologia (IV cap.), linhas de orientação e ação (V cap.), e apontando-nos a necessidade de uma educação e espiritualidade ecológicas (VI cap.).

O Papa mostra na “Laudato Si’” que ser Igreja é comprometer-se com o cuidado da Casa Comum, rompendo com a cultura da indiferença, que considera tudo como normal e admissível em nome do progresso, mas que traz terríveis consequências para o planeta e seu clima. Questões como a poluição do ar e da água pelas indústrias e o uso dos combustíveis fósseis, a geração do lixo, o consumo e comércio da água, a perda da biodiversidade, a divida ecológica dos mais ricos com os mais pobres, fracos e oprimidos e outros assuntos estão presentes na reflexão que o Papa Francisco propõe, através da LS.

Ser Igreja é viver a fé no cuidado da Casa Comum, reconhecendo que no centro da criação não está o ser humano e sua política de exploração, mas está o Deus Criador, único dono do mundo e origem da vida, o qual nos confia a obra da sua criação para que dela cuidemos e cultivemos; é saber admirar-se com a beleza da vida e reverenciar a obra criadora de Deus, sabendo resgatar a dimensão do necessário descanso semanal do ser humano e o tempo jubilar do descanso da terra; é lutar contra a exploração do ser humano e de todos os bens da criação.

O Papa Francisco nos recorda que o planeta, embora esteja dividido em países e governos, é um só, de tal modo que há questões como o aquecimento global, que não respeitam as fronteiras geográficas impostas, e que urgem medidas para as quais não podemos esperar a iniciativa dos outros. Em casos assim, o Papa propõe que os países mais ricos e desenvolvidos e aqueles que mais poluem é que devem fazer mais. Francisco nos propõe a necessidade de uma conversão, de uma conversão ecológica como comunhão cósmica universal, através da qual busquemos um novo estilo de vida, uma vida mais simples, mais modesta e que sabe se satisfazer com o necessário, capaz de consumir menos luz e água, comprar só o que é necessário e, sobretudo, viver o “amor social”, através do “cultivo do cuidado”.

A Casa Comum nos ensina que tudo está interligado, e ser Igreja é saber cuidar da vida, começando com o cuidado dos mais pobres; é assumir uma postura profética frente aos crimes ambientais, como aqueles da mineração em Mariana (2015) e Brumadinho (2019), para que não mais continuem a acontecer em nosso meio.

A Igreja, que tem na sua missão evangelizadora a tarefa de comunicar o evangelho da salvação, não pode se esquecer de que este anúncio evangelizador se dá também nos muitos cuidados com a vida do planeta.

Na Diocese de Piracicaba, o fruto mais visível da LS foi a criação do Núcleo Diocesano Laudato Si’, com o objetivo de promover uma reflexão e prática ecológicas integrais, contribuindo para a formação e ações eclesiais, perpetuando em nossas memórias os desafios existentes e os caminhos que devemos e podemos percorrer.

Pe. Kleber Fernandes Danelon
Mestre em Liturgia pela PUSC, em Roma, e Coordenador Diocesano de Pastoral
 

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