“Eu te constituí como luz das nações para levares a salvação até os confins da terra” (At 13,47)
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A espiritualidade de Maria (V): O poder do manto de Nossa Senhora

Publicado em 12 de junho de 2020 - 08:38:16

Neste ano de 2020, o mês de junho é – liturgicamente falando – aberto com a celebração da Memória de Maria, Mãe da Igreja, que é celebrada sempre na primeira segunda-feira após o Domingo de Pentecostes.

Dentre outros aspectos espirituais da Maternidade de Maria, encontramos de maneira muito presente na devoção popular a invocação do seu manto, que se expressa como um pedido de proteção e refúgio. Todavia, este que é um aspecto assim tão forte na devoção, encontra também nas Sagradas Escrituras um suporte teológico e espiritual bastante consistente, como refletiu o grande teólogo suíço Von Balthasar, em seu livro Maria para nós hoje.

O manto de Maria é, na verdade, a expressão do seu amor materno por Jesus e, através d’Ele, estendido a todos os homens, visto que, mediante sua Paixão, Ele “escolheu a todos para serem seus irmãos e irmãs”, colocando a todos debaixo da maternidade de Nossa Senhora. É verdade que essa prerrogativa de Mãe é relevada patentemente por Jesus na Cruz, quando Ele diz ao Discípulo Amado (que é símbolo de todos os que, no Amor, seguem Jesus Cristo): “Mulher, eis o teu filho, e ao Discípulo: eis tua Mãe” (Jo 19,26-27). Porém, essa maternidade, que desde o Filho se estende para todos, está presente durante toda a vida de Jesus, quando a Mãe se coloca entre Ele e aqueles que precisam, como observa Von Balthasar: “Em Caná, ela nos mostra a maneira como consegue colocar suas preocupações, superando todos os inconvenientes. Lá ela é, inicialmente, rejeitada [...]; o Filho está com o pensamento voltado para as suas próprias obrigações e o pedido de Maria parece, no momento, algo que contraria o andamento planejado para o cumprimento dessas obrigações. O que faz, porém, a Sede da Sabedoria, a “mulher talentosa”, em quem confia o seu marido (Pr 31,10s)? Ela apela simplesmente para aquilo que há de mais íntimo no coração de Jesus e em sua própria missão, ao instruir os serventes: ‘Fazei tudo o que ele vos disser’. Aqui vem a coincidir simplicidade e astúcia, quando ela, em Deus, partindo do plano da justiça, atinge o plano mais profundo da misericórdia”.

Essa mesma atitude maternal de Maria se expressa fortemente na obra de Ariano Suassuna, O Auto da Compadecida, que retrata a piedade do povo nordestino. Ela pede a Jesus por João Grilo e seu grupo, que não tinham méritos: Intercedo por esses pobres que não têm ninguém por eles, meu filho. Não os condene [....]. É verdade que eles praticaram atos vergonhosos, mas é preciso levar em conta a pobre e triste condição do homem. A carne implica todas essas coisas turvas e mesquinhas. Quase tudo o que eles faziam era por medo. Eu conheço isso, porque convivi com os homens: começam com medo, coitados, e terminam por fazer o que não presta, quase sem querer. É medo. Também aqui a Mãe une misericórdia e justiça, pois o medo é uma componente da vida humana e ela, como mãe, procura salvar os seus filhos com a sua intercessão, pois nenhuma mãe verdadeira castiga os filhos, senão por amor.

Assim, como ainda diz Von Balthasar, Maria, como mulher e mãe, tem o coração no coração, mas não no cérebro, e sabe, igualmente, que um Deus que pensou e criou a mulher não pode ter o seu coração em nenhum outro lugar. Assim, é da essência de Maria, Mãe da Igreja e da humanidade, estender seu manto sobre todos, e esse manto é, na verdade, o espaço da misericórdia de Deus que encontrou acolhida no seio de Maria e, por ela, chega a todos nós, pecadores necessitados do seu amor e da sua proteção.

Pe Antonio César Maciel Mota
Pároco da Paróquia São João Batista em Rio Claro
Docente da Curso Diocesano de Teologia
 

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