“Eu te constituí como luz das nações para levares a salvação até os confins da terra” (At 13,47)
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Padre Montini, um centenário

Publicado em 6 de maio de 2020 - 11:26:51

Em 29 de maio de 1920, na Catedral de Bréscia, Itália, o Bispo Diocesano, Giacinto Gaggia, ordenou presbítero João Batista Montini, com 23 anos. O futuro Pontífice trazia transformada, em seus paramentos, a veste nupcial da mãe.

Após a ordenação, seu bispo o encaminhou para Roma. Estudou Filosofia na Universidade Gregoriana e Letras na Universidade de Roma, mas não a concluiu, pois, com apenas 26 anos, foi enviado à Nunciatura de Varsóvia. A sempre frágil saúde de Dom Batista, como era chamado, obrigou-o a voltar à Cidade Eterna, onde retomou sua formação na Pontifícia Academia Eclesiástica.

Em 1924, iniciou os seus trabalhos junto à Secretaria de Estado do Vaticano, onde permaneceu trinta anos. Assumiu também a assistência aos universitários romanos da Ação Católica e, depois, seu Assistente Nacional. Dentre seus dirigidos emergiram expoentes da Política Italiana, como Moro, Toviani, entre outros.

Neste seu longo período na Secretaria de Estado, será sempre lembrado como um estadista gentilíssimo, que tinha a arte de escutar e de profunda humildade. Dele um gari afirmou: “Ao último operário da Cidade do Vaticano ele dispensava o mesmo respeito que reservava para o primeiro dos diplomatas”. Durante os horrores da Segunda Guerra, exerceu o seu ofício, mesmo à custa de enormes sofrimentos, com toda aptidão e generosidade.

O segredo deste eficientíssimo colaborador de Pio XI e Pio XII, que chegava a trabalhar, dada as necessidades, até 20 horas por dia, além da sua perspicácia intelectual, seu espírito magnânimo, seu profundo tino diplomático, seu gentil temperamento que penetrava as mentes e os corações, o ajudaram a desempenhar com êxito as suas funções, mas sobretudo Dom Batista, antes e acima de tudo, tinha clara consciência de que ele era um humilde sacerdote e, com esta concepção e a partir dela, realizava o seu ofício. Fossem quais fossem as urgências, ser padre, sempre padre e em toda parte, era a motivação de sua vida e do seu múnus. Tanto que, ao deixar Roma para assumir a Cátedra de Ambrósio e Carlos Borromeu, o embaixador francês, Wladimir d’Ormesson, em nome do Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé, saudou Monsenhor Montini, textualmente, assim: “O que nós, diplomatas, mais reverenciamos e amamos em vós é que, atrás da figura do Ministro da Santa Sé, temos sempre encontrado o Sacerdote”.

E foi com este mesmo espírito, robustecido pela plenitude do sacerdócio, que Montini pastoreou a sua complexa Igreja Particular, a maior da Itália. Tanto que dela afirmou Pio XI, que também fora seu Pastor: “É mais fácil ser Papa do que Arcebispo de Milão”. Durante os oito anos de sua permanência na Arquidiocese Lombarda, o ritmo de trabalho foi, como se esperava, excepcional. Visitou as quase mais de 900 paróquias, promoveu a Grande Missão, aproximou-se dos trabalhadores, incentivou a construção de quase cem igrejas na periferia da cidade de Milão. Os habitantes desta região o viram inúmeras vezes em seu meio.

Eleito para a Cátedra de Pedro, manifestou de um modo admirável a sua vocação de padre. Em seu ministério Petrino, aflorou exuberante o seu coração sacerdotal. Em sua homilia, por ocasião do seu Jubileu Áureo de Ordenação, afirmou: “ser sacerdote é, de facto, uma grande realidade!”.

Um dos seus biógrafos, Giovanni Scantamburlo, dele afirmou em sua obra: “Como recordação da alma mais compassiva, mais delicada, mais generosa e amante de Deus e da Igreja que me foi dado conhecer”. Que São Paulo VI inspire os filhos da Igreja, particularmente os sacerdotes, a seguir com generosidade seus passos.

Pe. José Eduardo Sesso
Presbítero na Diocese de Piracicaba
 

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