O primeiro capítulo do documento 107 abre o texto do encontro de Jesus com a Samaritana, que reflete o momento atual da Igreja, mas também revela a busca de um sentido para a vida, a procura de um sentido religioso que preencha a sede de transcendência que caracteriza a vida humana: a necessidade da água viva. O caminho a ser tomado é o do aprofundamento da evangelização pela catequese iniciática: “Nós mesmos ouvimos e sabemos... é o Salvador do mundo” (Jo 4,42). Apenas se encontra razão de ser nas coisas que se conhece, mais que isso: apenas se ama o que se conhece.
Esperamos que o encontro de Jesus com a samaritana ilumine nossas reflexões sobre a Iniciação à Vida Cristã, animando-nos a dar novos passos, no caminho da ação evangelizadora, o encontro para perceber a revelação D’Ele em nossa vida. E, com o anúncio e o testemunho, convidamos, pois, o leitor a contemplar esse encontro transformador. Um diálogo profundo, fundado na verdade, carregado de esperanças e atento aos anseios das pessoas, ao respeito por elas e suas buscas por Jesus, que se apresentou com sede. Dar de beber era símbolo de acolhimento. A sede de Jesus é o seu desejo de nos ver seguindo seu caminho. Ele se apresenta reconhecendo, primeiramente, que ela pode oferecer-Lhe algo de que está precisando. E o que Jesus precisa, ainda hoje, é que todos nós conheçamos o dom de Deus em nossas vidas.
O evangelista, porém, quer que o leitor perceba a disposição de Jesus em dialogar com a samaritana. Portanto, é preciso superar as distâncias para conhecermos o dom de Deus. O que parecia ser uma cena de muitas suspeitas, dois desconhecidos próximos de um poço, torna-se um encontro entre a necessidade humana e a gratuidade de Deus. Jesus fala de outra “água viva” que, efetivamente, atenda a nossa verdadeira sede de estar com Deus: “Quem beber da água que eu lhe darei, nunca mais terá sede” (Jo 4,14). E isso só acontece num encontro pessoal com Ele, num novo caminho que Jesus vai revelar. A água que Jesus oferece é dada gratuitamente. Basta aceitá-la. Mais ainda, quem assim fizer, também se tornará fonte.
A água do poço sacia momentaneamente, a que Jesus oferece faz do sedento “uma fonte de água jorrando para a vida eterna” (Jo 4,14). Como poderia aquela mulher, se bebesse da água que Jesus lhe daria, tornar-se fonte de água abundante? Os samaritanos creram.
Como Jesus no poço de Sicar, também a Igreja sente que deve sentar-se ao lado dos homens e mulheres deste tempo, para tornar presente o Senhor na sua vida, para que o possam encontrar, porque só o seu Espírito é água que dá a vida, não há outro caminho, a não ser o encontro pessoal para tê-Lo como Senhor. Isso valeu para aqueles samaritanos e continua valendo para nós, hoje. É o encontro pessoal com Jesus, através da catequese permanente para viver uma experiência pessoal, a base da fé que vai gerar um processo de contínuo crescimento e conversão pessoal para Jesus.
Virgem Maria, primeira catequista, dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos que nos levem à vivência da Fé em Jesus.
Diácono Florivaldo Bertoletti
Coordenador Diocesano da Pastoral da Iniciação à Vida Cristã