O mundo estava mergulhado em uma grande escuridão, as guerras suplantavam a paz, a justiça e a concórdia eram coisas do passado, a verdadeira religião tinha seus dias contados. Assim, aparentemente todas as possibilidades haviam se esgotado. O desânimo e o desespero pairavam sobre os reinos de Israel e Judá. A vida do povo estava insuportável. Porém, do coração de Isaías, o profeta da esperança, surge uma grande notícia, um alento rapidamente se espalha: o vigor de Deus está presente no nascimento de uma pequenina e frágil criança, “pois um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, ele recebeu o poder sobre seus ombros, e lhe foi dado este nome: Conselheiro maravilhoso, Deus forte, Pai eterno e Príncipe da paz e reinaria no trono de Davi sobre o mundo purificado” (Is 9,6).
A esse povo que caminha nas trevas, o profeta anuncia a Luz da Salvação, trazida por um menino. Assim, estamos diante de uma profecia vetero-testamentária. O profeta vislumbra para o futuro a coroação de um novo rei. Nela renasce a esperança, pois na realeza do menino e nos seus ombros descansam as atribuições de um novo governante. Esse nome estranho aos nossos ouvidos traz a prática do novo rei, será mais sábio que Salomão, será mais forte que Davi e terá uma liderança que superará a de Moisés.
O primeiro título, Conselheiro Maravilhoso, não é um elogio geral, mas é a designação de uma pessoa capaz de estabelecer planos conforme a vontade do Senhor, planos que podem produzir obras de salvação. Conselheiro não designa um cargo, mas uma função que o próprio rei pode e deve exercer. O segundo, Deus Forte, é uma aplicação relacionada ao Messias, vencedor de todos os males. O terceiro, Pai Eterno, designa que o seu reinado será perene e duradouro. O quarto, Príncipe da Paz, designa um estado de ânimo oposto à angústia ou ainda à aliança definitiva com o Senhor.
Para os cristãos, a profecia de Isaías encontra plena realização no natal de Jesus, pois assim está escrito no evangelho de são Lucas: “José subiu de Nazaré, cidade da Galiléia, à cidade de Davi, na Judéia, chamada Belém. Estando eles aí, cumpriu-se a hora do parto, e deu à luz o seu filho primogênito. Envolveu-o em panos e o deitou numa manjedoura. Havia naquela região uns pastores. O anjo do Senhor disse: “Não temais. Dou-vos uma boa notícia, uma grande alegria para todo o povo: Hoje nasceu para vós na cidade de Davi o Salvador, o Messias e Senhor. Isto vos servirá de sinal: Encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura” (Lc 2,4-7).
Sim, o Senhor nasceu para nós e vimos a sua glória! No prólogo de São João faz-se o elogio do Verbo de Deus contemplado na eternidade, na glória do Pai, antes do tempo e na manifestação histórica da carne: a Palavra já existia, Ela estava voltada para Deus “e a Palavra era Deus e a Palavra se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). E nós contemplamos a sua glória: glória do Filho único do Pai, cheio de amor e fidelidade. Nele, em Jesus, se realiza o maravilhoso encontro que nos dá vida em plenitude. Pois, no momento que o Filho assume nossa condição humana, tornando-se um de nós, tornamo- nos eternos.
Na Luz que vence todas as trevas – em cada natal - rendo graças a Deus pela sua infinita misericórdia; pelo Jubileu de Brilhante recentemente celebrado na Diocese; pela vida, vocação e missão dos ministros ordenados; dos religiosos e religiosas; dos vocacionados e vocacionadas; das leigas e leigos comprometidos com a ação evangelizadora nas comunidades eclesiais e na sociedade civil. Agradeço aos milhares de homens e mulheres de boa vontade que fazem acontecer a cada dia o Natal de Jesus.
Ainda, dirijo-me a todos e renovo a grande notícia que os anjos deram aos pastores de Belém: “Não Temais!” (Lc 2,10). Pois, o Senhor estará conosco até o fim.
Um Santo Natal e abençoado Ano Novo.
Dom Fernando Mason(OFMCov)
Bispo Diocesano de Piracicaba