“Eu te constituí como luz das nações para levares a salvação até os confins da terra” (At 13,47)
“Eu te constituí como luz das nações para levares a salvação até os confins da terra” (At 13,47)
Artigos

Saber ser rico

Publicado em 23 de outubro de 2015 - 17:02:55

Há ricos que são pobres e pobres que são ricos. A diferença está na alma e não no corpo e nem nas contas bancárias. Riqueza é um conceito bastante sutil. Os que são materialistas e pensam rasteiramente consideram ricos apenas os que mais possuem bens e acumulam dinheiro. Esta é a riqueza que as traças comem e a ação do tempo corrói. A morte põe sobre estas pessoas e suas propriedades uma pá de cal.

Há, contudo, pobres que são ricos de alma e têm suas vidas impregnadas de riquezas imateriais. Esses levam para além do túmulo valores que perduram para a eternidade e se perpetuam nas pessoas que deles se beneficiaram. Felizes os que têm um coração de pobre, porque deles é o reino dos Céus (Mt 5, 3), afirmou Jesus.

Há também ricos de bens materiais, que se deixam invadir pelos sentimentos nobres do cristianismo e que se fazem pobres para utilizar seus bens para praticar o amor, a justiça e dar alívio aos que sofrem. Entre tantos da história cristã, destaca-se, na idade média, a figura de Edwiges, a Rainha que se santificou pela sua caridade, pela capacidade de socializar seus bens e tirar grande número de pessoas da indigência. Nasceu em 1174, na região da Baviera (Alemanha), casou-se com o príncipe Henrique da Silésia (hoje território polonês) e teve sete filhos. Depois de viúva, se consagrou inteiramente a Deus no convento de Trebnitz, Polônia, onde sua filha Gertrudes era Superiora, a quem passou a obedecer. Viveu na pobreza, sendo senhora de grandes posses, tudo utilizando para benefício dos outros. Construiu casas para os pobres, asilos, hospitais, centros de recuperação, conventos, igrejas e ofereceu grandes somas de suas posses para pagar dívidas de pessoas que não tinham como saudar seus compromissos, inclusive tirando da cadeia muitos condenados por este motivo.

Viveu para Deus e para o próximo, na oração, na penitência, na caridade. De altíssima vida mística, manteve sempre grande devoção à Eucaristia, nunca perdendo missa nos dias de preceito, divulgando com denodo a espiritualidade da santidade dominical.

Eis a razão pela qual Jesus elogiou os que não se deixam enganar pela ilusão das riquezas materiais, exclamando: Como é difícil para os que se apegam às riquezas entrar no reino dos céus! (Mc 10, 23).

As riquezas, quando geram apego e materialismo, podem ser causa de ruína e condenação; mas o uso delas para o altruísmo, a caridade, a bondade, a misericórdia pode salvar almas e levar para o céu aqueles que delas souberem utilizar de forma não egoísta.

A estes, o Senhor afirmara: Ajuntai tesouros no céu, onde a traça e nem a ferrugem consomem, e nem os ladrões não minam e nem roubam (Mt 6, 20).

Edwiges faleceu a 15 de outubro de 1243. Foi logo venerada como santa. Canonizada poucos anos depois, pelo Papa Clemente IV, foi sempre invocada como Padroeira dos Pobres e dos Endividados. Sua festa litúrgica foi fixada para o dia 16 de outubro de cada ano.

A vida desta rainha que se fez voluntariamente serva dos pobres e sofredores é mais um sinal de Deus colocado no coração dos homens e das mulheres; a capacidade de não se deixarem sucumbir pela ilusão das riquezas materiais e salvar os de coração nobre e iluminados pela sua Palavra.

 

Dom Gil Antônio Moreira

Arcebispo metropolitano de Juiz de Fora

Horário de Funcionamento

Cúria Diocesana

Segunda a Sexta das 8h às 11h30 e das 13h às 17h.

Assessoria de Comunicação

Segunda a Sexta das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h30 Diocese de Piracicaba

Diocese de Piracicaba

Política de Privacidade
Av. Independência, 1146 – Bairro Higienópolis - Cep: 13.419-155 – Piracicaba-SP - Fone: 19 2106-7575
Desenvolvido por index soluções