“Eu te constituí como luz das nações para levares a salvação até os confins da terra” (At 13,47)
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Discordância, discórdia e confrontação

Publicado em 28 de fevereiro de 2018 - 17:32:44

Depois de ter lido e ouvido os pronunciamentos do novo líder leigo de Londrina, Bernardo Pires Küster . Meus leitores pediram minha opinião e catequese. Escrevo para eles na minha página.

Bernardo Küster claramente bate de frente contra a CNBB que representa os bispos do Brasil por eleição e aceitação do Papa.

E, por definição do que é ser Igreja, por mais influente que seja uma nova liderança leiga na Igreja, a hierarquia de um país, não sendo rejeitada pelo Papa, é comandada por bispos. É este o papel dos bispos reunidos em assembleia, sem que se diminua a autoridade de cada bispo na diocese que ele lidera.

Inteligente e com um discurso bem articulado este senhor convenceu muitos leigos a aceitar seus argumentos. Claramente não está aceitando a liderança dos bispos do Brasil. Rejeita os que foram eleitos para comandar a CNBB. E embora diga que o faz seguindo sua consciência está sendo ouvido por milhares de leigos que aceitam a sua nova liderança e também eles se postam contra a CNBB. Portanto estão a caminho da cisão ! Os bispos da CNBB não lhes servem e não mais o representam. E muitos desses leigos veem o Bernardo Küster como seu porta-voz. Basta ler os melhores de escritos. Não.

Com muitos católicos descontentes com algumas posições de esquerda de certos bispos, ele ignora que também há bispos e leigos com clara inclinação para a direita. E há os moderados que são maioria. Colocar a CNBB num balaio de esquerda é como colocar todos os movimentos leigos num balaio da direita. Mas a Igreja Católica é maior do que isso. Sempre foi.
Isto não é novo na Igreja. Orígines e Tertuliano também eram teólogos leigos influentes. São Francisco nunca ficou padre. Frederico Ozanam era leigo. Frei Beto não é padre. Leonardo Boff é teólogo e deixou o ministério de sacerdote. Lutero foi monge e padre que rompeu com o catolicismo e também fez política com viés conservador e burguês. Naquele tempo não havia esquerda ou direita, mas havia a mão pesada do Estado notadamente burguês. Católicos também seguiam esta mesma cartilha. Politicamente, Lutero não era de esquerda.

O que está acontecendo com alguns leigos não consagrados ou leigos consagrados é que estão falando na internet antes de falar com a hierarquia. Não tentaram? Ou tentaram e os bispos não aceitaram o diálogo?

Além disso, quais são os leigos da esquerda e direita que representam o laicato católico? Houve eleição? Küster fala em nome de quem? O leigos esquerdistas falam em nome de quem? Os conhecidos direitistas que em geral deixam claro que são anticomunistas falam em nome de que movimentos? Os católicos esquerdistas falam em nome de que movimento ou diocese! Ou simplesmente falam em nome do Vaticano? Ou em nome próprio?

Posicione cinco microfones num imenso salão e deixe mais um para os bispos. Deixem que os leigos que representam mais de 100 movimentos de Igreja, alguns deles com mais de 100 anos, deixem que opinem.

E ali, face a face, com os bispos representados pela CNBB, veremos quem respeitará quem e quem transformou a Igreja em partidos e contendas e em direita anticomunista, ou em movimentos que aceitam a CNBB.

Discordância ou concordância podem ser coisas boas na Igreja. Como está, as redes sociais optaram por semear discórdia e por julgar qualquer padre ou bispo que não seja conservador, tradicionalista ou direitista.

Nas redes sociais frequentadas por padres ou leigos anti CNBB, qualquer um que convide para um diálogo fraterno será agredido barbaramente .
Passo por isso todos os dias. E estou longe de ser comunista ou socialista, mas também estou longe de ser direitista ou ultradicionalista. Pelo que leio nas Redes Sociais, ou os bispos e padres se curvam a eles, ou serão excomungados por estes novos leigos escudados por padres quase todos tradicionalistas e direitistas.

Simplesmente catalogaram todos os bispos e padres entre comunistas ou anticomunistas. Não há mais espaço nas suas cabeças para padres e bispos que conhecem teologia, sociologia, filosofia, doutrina social da Igreja e História do Cristianismo. Não aceitam nem mesmo os moderados. Para eles, ou o católico é quente ou frio. Nunca morno! Mas esquecem que alguns deles estão fervendo de raiva contra bispos e leigos que não adotam sua cartilha ou serão gélidos de raiva contra quem pensa diferente deles.

Moem tudo para sair uma enorme linguiça temperada com suas agressões contra quem pensa diferente e respeita nossa História de Católicos.

ATITUDES: antileigo, antibispo, antipapa e antipadre podem ser qualquer coisa, mas não são coisa de católico! Somente aumentam o fosso cavado pelos dois lados ! Eu ainda aposto em diálogo!

 Pe. Zezinho, scj
 

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