“Eu te constituí como luz das nações para levares a salvação até os confins da terra” (At 13,47)
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Vinha gente de todo canto

Publicado em 8 de fevereiro de 2018 - 14:54:32

Prosseguindo na leitura contínua do Evangelho de Marcos prevista para o presente ano, ouvimos na santa Missa deste sexto domingo do tempo comum o relato de mais uma cura de Jesus no trecho evangélico que fecha o capítulo primeiro, a saber: Mc 1,40-45. Desta vez, um leproso se ajoelhou diante de Jesus e disse: “Se queres, tens o poder de curar-me”. Jesus, cheio de compaixão, estendendo a mão, tocou nele e disse: “Eu quero, fica curado!” Imediatamente, ele ficou curado. Jesus mandou que não falasse disso a ninguém e depois que se apresentasse ao sacerdote do templo para a prova da purificação, em obediência à norma de Moisés. Ao templo ele foi, mas não deixou de divulgar amplamente o fato. Por isso, São Marcos registra que “Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos. Porque de toda parte vinham procurá-lo”. Neste primeiro capítulo, Marcos relatou diversas curas e exorcismos, sinais prodigiosos que confirmavam a Boa Nova da pregação de Jesus e demonstravam o poder e a autoridade divina de Jesus. No segundo capítulo, cuja leitura se fará nos domingos do tempo comum a seguir, São Marcos continua a destacar os milagres de Jesus, porque são muito importantes para aclarar o sentido messiânico e salvífico de sua vida e missão. Os milagres, de um lado, farão a grande popularidade de Jesus, que ajudarão na sua missão evangelizadora, todavia, de outro, fomentarão a ira dos seus opositores que maquinarão o modo como persegui-Lo e eliminá-Lo. De tudo isso, tomamos conhecimento à medida da escuta do Evangelho, segundo São Marcos, que ouviremos ao longo do ano.

Na Igreja há leigos e clérigos, todos são filhos de Deus e têm igual dignidade em razão da pertença a Cristo pelo Batismo. Deus envia os leigos para construírem o Reino de Deus na sociedade, numa família, com o seu trabalho e como cidadãos. Pelo Batismo e a Confirmação, Deus lhes concede os dons do Espírito Santo para bem viverem; e, ainda fortalecidos pela oração, a Eucaristia, os demais sacramentos e a vida na comunidade eclesial, para poderem alcançar a realização pessoal, familiar, comunitária e social, a santidade e a salvação. Os clérigos são vocacionados por Deus e ordenados ministros para o serviço do governo eclesial, do ensino doutrinal e da santificação sacramental. Em ambos os estados também há cristãos que pelos votos da obediência, pobreza e castidade se colocam à disposição de Deus na vida religiosa consagrada (Youcat, 138). Como enfatizou o Concílio Vaticano II, a “Igreja é Povo de Deus” que vive na história, onde todos os seus membros põem à luz do dia a “comunidade de fé, esperança e amor, por meio da qual difunde em todos a verdade e a graça” (Lumen Gentium, 8).

Já no primeiro século a expressão “leigo” foi usada na Igreja para distinguir o simples fiel do diácono e do presbítero. São João Crisóstomo no século IV aprofundou a reflexão teológica sobre a identidade dos leigos vocacionados à santidade em todas as circunstâncias em que as pessoas vivem, isto é, no meio do mundo. Ele ficou conhecido como o “Pai do Laicato”. No Vaticano II, o Decreto “Apostolicam Actuositatem” sobre o Apostolado dos Leigos põe em destaque a participação dos leigos na missão da Igreja. “Uma vez que é próprio do estado dos leigos viverem no meio do mundo e dos negócios seculares, eles próprios são chamados por Deus a exercerem aí o seu apostolado, à maneira de fermento, com entusiasmo e espírito cristão” (AA, 2). É tarefa primordial dos leigos inculturar a Igreja em toda parte do mundo, vivendo a vida cristã na sociedade. A consagração do mundo a Deus é, enfim, a missão do leigo. A Exortação Apostólica “Christifideles Laici” do Santo Padre o Papa São João Paulo II, que é tida como a “Carta Magna” dos leigos, convida os fiéis leigos para que “escutem o chamamento de Cristo para trabalharem na sua vinha, para tomarem parte viva, consciente e responsável na missão da Igreja, nesta hora magnífica e dramática da história, no limiar do terceiro milênio” (ChL, 3). No capítulo III fala da co-responsabilidade dos leigos na Igreja-missão, acentuando que chegou a hora de uma nova evangelização, para a qual devem participar, a partir da vivência do Evangelho, do serviço à pessoa e à sociedade, da promoção da dignidade humana, da garantia do direito inviolável à vida, da defesa da liberdade religiosa, da promoção da família, da caridade como sustentáculo da solidariedade, do protagonismo da política, do pôr o homem no centro da vida econômico-social, da evangelização das culturas.

A CNBB instituiu 2018 como Ano Nacional do Laicato, isto é, dos fiéis leigos e leigas. Para aprofundar a reflexão e incentivar a ação lançou o Documento nº 105 sobre os “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade”. Este documento está disponível nas livrarias católicas e está sendo objeto de estudo em nossas comunidades eclesiais. Vale a pena ser lido e estudado. Nele, os Bispos do Brasil afirmam como ponto de partida e princípio de base que “A sociedade humana em construção e a Igreja em missão contam com cristãos convictos da própria responsabilidade para a edificação do Reino de Deus”. No fim, como conclusão, os Bispos agradecem pela atuação dos leigos na Igreja e na construção do mundo justo, sustentável e fraterno. Agradecem também os que vivem e batalham pelos princípios cristãos em sua vida secular, como profissionais liberais, formadores de opinião, lideranças sociais e trabalhadores em geral. Reconhecem o direito e a autonomia das diferentes formas de organização e articulação do laicato, expressos nos documentos da Igreja. Propõem-se a acolher todos os cristãos leigos e leigas, a valorizar a sua atuação na Igreja e no mundo, a ouvi-los e a confiar-lhes responsabilidades e ministérios. Rogam a Maria, mãe da Igreja, para que acompanhem a todos os leigos e leigas, seus filhos e filhas, em cada dia da vida (ns: 276-284).

Dom Caetano Ferrari
Diocese de Bauru 

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