Na data do 08 de maio comemoramos o patrono dos prisioneiros e exilados, o mártir São Vítor. Soldado africano na Mauritânia, por visitar os presos e ter se declarado cristão, foi também detido, sendo conduzido ao calabouço e deixado sem alimentos nem água.
Foi cruelmente torturado com chumbo derretido em seus ferimentos, mas mesmo assim recuperou-se. Fugiu aproveitando uma fresta na segurança, mas foi preso e decapitado no ano de 303 em Milão. Esta memória nos leva a refletir sobre o cenário dantesco que vive nossa população carcerária. Estamos quase chegando a ser o segundo país em aprisionados, superando a quantia dos 625.000.
Nos transformamos num Estado Penal, um imenso depósito de presos, em condições infra-humanas. Sem oportunidade de aprender nada a não ser brutalidade e violência, os presos vão perdendo esperança, sensibilidade e a capacidade de se ressocializar. Nenhuma pena justifica a destruição de um ser humano, nossas cadeias perderam há muito tempo a noção da dignidade da pessoa.
Ou aplicamos a Lei de Execução Penal, instrumento de justiça e recuperação integral do preso, ou seremos obrigados a arcar como já fizemos com a história do manicômio, a responsabilidade por um genocídio perverso e lento que castiga os pobres e sem destino.
O presidio tal como está alimenta o circulovicioso da violência e do ódio, agregando recursos humanos ao crime organizado e impossibilitando a regeneração do apenado como pessoa e filho de Deus.No ano da misericórdia, seria vital e profético, junto a defesa de penas alternativas e socializadoras, anistia e justiça para os que estão esperando a sentença, mudar nossa visão sobre como tratar e integrar o irmão/ā preso/a. Deus seja louvado!