5 de fevereiro de 1899 – nasceu em São Paulo
14 de agosto de 1927 – ordenação sacerdotal, em São Paulo
26 de novembro de 1941 – nomeado pelo Papa Pio XII bispo de Jacarezinho (PR)
4 de janeiro de 1942 – ordenado bispo, em São Paulo, por Dom José Gaspar de Affonseca e Silva, arcebispo de São Paulo
22 de fevereiro de 1942 – tomou posse como bispo de Jacarezinho
30 de junho de 1945 – transferido para a Diocese de Piracicaba pelo Papa Pio XII
8 de setembro de 1945 – posse canônica em Piracicaba
9 de janeiro de 1960 – sua renúncia foi aceita pelo Papa João XXIIII
1962 - 1965 – participou em Roma do Concílio Vaticano II
31 de dezembro de 1994 – faleceu em São Paulo
Era o ano de 1945. A Diocese de Piracicaba, criada pelo Papa Pio XII em 26 de fevereiro do ano anterior e instalada em 11 de junho, estava sob o governo do Administrador Apostólico Dom Paulo de Tarso Campos, bispo da Diocese de Campinas, de cujo território a nossa foi desmembrada.
Por isso a diocese aguardava seu primeiro bispo, que foi nomeado pelo Papa Pio XII em 30 de junho de 1945. O escolhido foi Dom Ernesto de Paula, até então bispo de Jacarezinho (PR).
Dom Ernesto permaneceu na antiga diocese até o mês de agosto. Depois de alguns dias de descanso, preparando-se para o novo ministério, assumiu a Diocese de Piracicaba no dia 8 de setembro.
GRANDE ACONTECIMENTO – A posse de Dom Ernesto foi um acontecimento grandioso. O bispo partiu de São Paulo, onde residiam seus familiares, embarcando na Estação da Luz, em trem especial da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Muitos paulistanos acompanharam Dom Ernesto que, antes de ser bispo, pertencia ao clero da Arquidiocese de São Paulo.
Durante o percurso, o bispo recebeu homenagens na estação de Campinas, onde sua comitiva foi ampliada. Depois, em Santa Bárbara, novamente o bispo foi alvo de homenagem, agora mais entusiasmada. Afinal, era a primeira cidade da diocese a acolhê-lo e muitas pessoas acorreram à estação para saudar seu pastor.
Ao chegar a Piracicaba, a acolhida foi calorosa, recebido por Dom Paulo de Tarso Campos e outros bispos, muitos sacerdotes, autoridades e uma grande multidão de pessoas, a maioria pertencente a associações religiosas, com suas insígnias e estandartes.
Ainda na estação, Dom Ernesto revestiu-se dos paramentos. Depois um grande cortejo acompanhou-o até a praça central, onde foi saudado por autoridades e por representantes do clero e dos leigos. Em seguida, na Catedral, aconteceu a cerimônia de posse canônica, com a saudação de Dom Paulo, leitura da bula de nomeação e canto do “Te Deum”, hino litúrgico de louvor e ação de graças.
PRIMEIRA MISSA – Naquela época, não se celebrava missa no período da tarde, por isso a cerimônia de posse não teve Celebração Eucarística. A primeira missa pontifical – como era chamada a missa solene rezada pelo bispo – ocorreu no dia seguinte, com participação do clero e de muitos fiéis leigos. Todos saíram da Igreja São Benedito e seguiram em procissão até a Catedral.
Dom Ernesto dirigiu a Diocese de Piracicaba por 14 anos e 4 meses, até 9 de janeiro de 1960, quando o Papa João XXIII aceitou sua renúncia por motivo de saúde. Tornou-se bispo titular de Gerocesaréia (na época não se usava o título de bispo emérito, mas o de titular de uma antiga diocese extinta, como acontece ainda hoje com os bispos auxiliares).
Organizou o laicato em diversas associações religiosas. Fundou a Obra das Vocações Sacerdotais, a Liga do Professorado Católico, o centro geral da Cruzada Eucarística e instalou na Catedral a Pia União de Santo Antônio. Promoveu, em novembro de 1949, o Congresso Catequético Diocesano, em cujo encerramento aconteceu uma grande concentração de crianças de toda a diocese.
Seu lema episcopal “Omnia per Mariam” revelava sua grande devoção à Mãe de Deus. Sempre incentivou os Congregados Marianos e as Filhas de Maria e fundou a Federação Mariana. Promoveu peregrinações diocesanas das imagens de Nossa Senhora das Graças e de Nossa Senhora de Fátima. Visitou os Santuários de Lurdes e Fátima. Realizou o Congresso Mariano Diocesano de 7 a 15 de novembro de 1954, por ocasião do Ano Santo Mariano.
Ordenou 11 padres para a diocese. Criou 5 paróquias e uma capela curada (hoje chamada de quase-paróquia). Trouxe para a diocese várias congregações religiosas, masculinas e femininas.
Revelou-se o construtor e o consolidador do patrimônio da diocese, destacando-se entre suas obras a atual Catedral. Dotou a Cúria Diocesana de prédio próprio e adquiriu a residência episcopal. Construiu o Seminário Diocesano “Imaculada conceição”, a primeira casa de formação sacerdotal. Também construiu a casa de campo para os seminaristas, no Bairro Nova Suíça, em Piracicaba, para onde mais tarde foi transferido o seminário. Adquiriu um grande terreno onde pretendia construir um seminário mais amplo, mas isso não se concretizou (hoje esse terreno abriga o Cemitério Parque da Ressurreição, de propriedade da diocese). Empenhou-se ainda na construção do Dispensário dos Pobres, do convento das Carmelitas, de obras assistenciais e adquiriu terrenos para construção de igrejas.
Dom Ernesto nasceu em São Paulo, em 5 de fevereiro de 1899, filho dos italianos Luiz de Paula e Constantina Cundari de Paula. Foi batizado no dia 7 de janeiro de 1900, na Catedral de São Paulo.
Fez seus estudos no Seminário Menor de Pirapora e no Seminário Provincial de São Paulo. Foi ordenado sacerdote no dia 14 de agosto de 1927, na Matriz de Santa Cecília, pelo arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva.
Na Arquidiocese de São Paulo, foi vigário coadjutor da Paróquia São José do Belém, vigário coadjutor da Paróquia de Santa Ifigênia (cuja matriz na época era a Catedral provisória), assistente eclesiástico do Centro Operário Católico Metropolitano, vice-chanceler, chanceler e vigário geral. Presidiu a comissão organizadora do 4º Congresso Eucarístico Nacional, realizado em São Paulo, em setembro de 1942.
BISPO - Em 26 de novembro de 1941, foi nomeado bispo de Jacarezinho (PR). Sua ordenação episcopal ocorreu em 4 de janeiro de 1942, na Igreja de Santa Ifigênia, sendo sagrante Dom José Gaspar de Affonseca e Silva, arcebispo de São Paulo, e consagrantes Dom Paulo de Tarso Campos, então bispo eleito de Campinas (tomou posse no mês de março) e Dom Gastão Liberal Pinto, bispo de São Carlos.
Escolheu como lema episcopal “Omnia per Mariam” (Tudo por meio de Maria). Iniciou o ministério na diocese paranaense em 22 de fevereiro de 1942.
No dia 30 de junho de 1945, o papa transferiu-o para Piracicaba, tomando posse no dia 8 de setembro. Governou nossa diocese até 9 de janeiro de 1960, quando a Santa Sé aceitou sua renúncia.
Encerrado seu ministério episcopal na diocese, no dia 14 de janeiro, Dom Ernesto voltou a residir em São Paulo, ficando quase cinco anos sem atividade, para cuidar de sua saúde. Mas participou do Concílio Vaticano II (1962-1965).
Com a nomeação de Dom Agnelo Rossi para arcebispo de São Paulo, Dom Ernesto foi convidado a prestar sua colaboração à arquidiocese. Foi nomeado Procurador da Mitra pelo cardeal arcebispo, a quem representava em solenidades oficiais. Também foi nomeado reitor da capela do Menino Jesus e Santa Luzia e incumbido de dirigir os trabalhos de conclusão das obras das torres da Catedral da Sé, onde freqüentemente administrava o Sacramento da Crisma. Depois, no arcebispado do Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, foi nomeado membro do Conselho Administrativo da Mitra Diocesana e também representava o cardeal em solenidades.
Faleceu no dia 31 de dezembro de 1994, aos 95 anos de idade, no Hospital Santa Isabel. Seu corpo foi sepultado na cripta da Sé Catedral de São Paulo. Em dezembro de 2012, seus restos mortais foram transladados para a Sé Catedral Santo Antônio, em Piracicaba.
Dom Ernesto recebeu o título de “Cidadão Piracicabano”. É nome de uma rua no Jardim Boa Esperança, em Piracicaba, e de uma praça em São Paulo.